Pode-se fazer para uma criança uma boneca
com um guardanapo dobrado: duas pontas serão os braços, as outras duas as
pernas, um nó servirá para a cabeça na qual algumas manchas de tinta indicam os olhos, o nariz e a
boca. Também se pode comprar uma “linda” boneca, com cabelos genuínos e
bochechas pintadas, e dá-la à criança. Nem queremos insistir no aspecto
horrível dessa boneca, perfeitamente capaz de estragar para sempre o sentido
estético sadio. Com efeito, o problema educacional mais importante é outro.
Tendo à frente o guardanapo dobrado, a criança deve acrescentar, pela fantasia,
aquilo que o transforma em figura humana. Essa atividade da fantasia tem efeito
plasmador sobre as formas do cérebro. Este se “abre” da mesma maneira como os
músculos da mão se deixam permear por uma atividade conveniente. Se a criança
ganha a chamada “linda boneca”, nada resta ao cérebro para fazer, e este se
atrofia e resseca em vez de desabrochar. Se os pais pudessem olhar, como pode
fazê-lo o pesquisador espiritual, para dentro do cérebro empenhado em
estruturar suas próprias formas, com toda certeza só dariam a seus filhos
brinquedos suscetíveis de avivar as forças plasmadoras do cérebro. Todos os
brinquedos que possuem apenas formas mortas e matemáticas ressecam e destróem
as forças plasmadoras da criança, enquanto tudo que faz surgir a ideia da vida
atua de maneira sadia. A nossa época materialista produz poucos bons brinquedos.
Fonte: GA 34 (A), p. 22 da 2a. edição.
Fonte: GA 34 (A), p. 22 da 2a. edição.
Obs.: Steiner provavelmente se referia como “linda
boneca” a uma de louça, ou de um material parecido com a borracha, pois não
havia bonecas de plástico em sua época (estas surgiram vários anos depois da 2ª
Guerra). Naturalmente, suas considerações aplicam-se também às últimas. Muito
piores ainda são brinquedos modernos como trens e carrinhos elétricos, robôs,
video games etc.
Permitam-me dizer algo bastante herético: adora-se dar bonecas na mão das crianças, especialmente bonecas “lindas”. Não se nota que as crianças em realidade não querem isso. Elas as rejeitam, mas elas são impingidas. Lindas bonecas, pintadas! Muito melhor é dar às crianças um lenço ou, quando é pena estragar um, dar outra coisa; ajeita-se um pano faz-se aqui uma cabeça, pinta-se um nariz, dois olhos etc., e com isso crianças sadias brincam com muito mais gosto do que com bonecas “lindas”, pois a boneca configurada o mais bonito possível, até com bochechas vermelhas, não deixa sobrar nada para a fantasia. A criança resseca interiormente com a boneca linda.
Permitam-me dizer algo bastante herético: adora-se dar bonecas na mão das crianças, especialmente bonecas “lindas”. Não se nota que as crianças em realidade não querem isso. Elas as rejeitam, mas elas são impingidas. Lindas bonecas, pintadas! Muito melhor é dar às crianças um lenço ou, quando é pena estragar um, dar outra coisa; ajeita-se um pano faz-se aqui uma cabeça, pinta-se um nariz, dois olhos etc., e com isso crianças sadias brincam com muito mais gosto do que com bonecas “lindas”, pois a boneca configurada o mais bonito possível, até com bochechas vermelhas, não deixa sobrar nada para a fantasia. A criança resseca interiormente com a boneca linda.
Fonte: GA 305, palestra de 23/8/1922
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